Atualização nas diretrizes de controle do vírus Oropouche
Ministério da Saúde reforça vigilância e assistência no combate à doença.
O Ministério da Saúde atualizou as orientações para a vigilância e o controle do vírus Oropouche no Brasil em nota técnica publicada recentemente. A medida busca fortalecer o acompanhamento das arboviroses, em consonância com o plano apresentado em setembro.
O documento foi elaborado após o Colóquio sobre a Emergência de Oropouche no Espírito Santo, realizado entre 16 e 17 de dezembro de 2024. O evento reuniu especialistas, pesquisadores e gestores para compartilhar experiências e revisar estratégias de combate à doença. A nota técnica aborda o cenário epidemiológico nacional, confirmação de óbitos, investigação de casos suspeitos e transmissão vertical, além de reforçar a investigação entomovirológica.
Contexto epidemiológico
Desde 2023, o Brasil tem registrado aumento significativo nos casos de Oropouche. Até a semana epidemiológica 50 de 2024, foram confirmados 11,6 mil casos em 22 estados, com exceção do Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul, que registraram apenas casos importados. Até o momento, quatro óbitos foram confirmados e outros quatro estão em investigação. Há, ainda, cinco casos confirmados de transmissão vertical, com quatro óbitos fetais e um por anomalia congênita, além de 24 casos em investigação.
No Espírito Santo, que concentra 98,7% dos casos recentes, a estratégia de vigilância ampliada tem servido como modelo para outros estados. A abordagem envolve maior testagem de amostras negativas para dengue, Zika e chikungunya, permitindo diagnósticos mais precisos.
Sintomas e tratamento
A infecção por Oropouche causa sintomas como febre, dor de cabeça intensa e prolongada, dores musculares e articulares, tontura, fotofobia, náuseas e vômitos. Em casos graves, podem ocorrer sangramentos e complicações no sistema nervoso. Os sintomas duram de 2 a 7 dias, mas podem ser mais severos em alguns pacientes. Embora similares aos da dengue, o tratamento deve ser individualizado, considerando as particularidades da doença.
Prevenção e controle
A prevenção e o controle da exposição ao vetor do vírus são cruciais. Entre as principais recomendações estão:
Uso de roupas protetoras (calças, camisas de manga longa, meias e sapatos fechados);
Evitar atividades ao amanhecer e ao entardecer, períodos de maior atividade dos transmissores;
Instalação de telas de malha fina em janelas e uso de mosquiteiros;
Utilização de repelentes, especialmente contra insetos como Culex e Aedes aegypti;
Manutenção de ambientes limpos, evitando acúmulo de material orgânico;
Cuidados adicionais para gestantes, como evitar atividades com risco de exposição ao vetor.
Fortalecimento da vigilância e assistência
Desde o início de 2024, o Ministério da Saúde promoveu diversas iniciativas para aprimorar a vigilância e o manejo da doença, incluindo oficinas, webinários e publicações de notas técnicas. Destacam-se:
I Oficina para Discussão das Ações de Vigilância, Assistência e Pesquisa em Oropouche (fevereiro);
Webinário "Aspectos Clínicos, Epidemiológicos e Laboratoriais sobre Febre de Oropouche no Brasil" (junho);
Treinamento em diagnósticos laboratoriais, conduzido pelo Instituto Evandro Chagas (outubro);
Roteiro de investigação entomológica para profissionais de saúde.
Essas medidas destacam o compromisso do Ministério em fortalecer o combate ao vírus Oropouche, garantindo maior segurança e qualidade no atendimento à população brasileira.